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A ANÁLISE CRÍTICA

Esta mídia resenha foi pensada para a disciplina de Tecnologias Contemporâneas de Comunicação e Educação, ministrada pela profª Aléxia Pádua Franco. Nas aulas dadas à nona turma de Jornalismo em 2018, a professora indicou leituras para o melhor aprendizado. Durante a leitura do livro "O Círculo", o grupo pode notar conceitos relacionados com esses textos e explicados a seguir:

ALEX PRIMO - Fases do desenvolvimento tecnológico e suas implicações nas formas de ser, conhecer, comunicar e produzir em sociedade.

 

Alex Primo (2008), em seu ensaio “Fases do desenvolvimento tecnológico e suas implicações nas formas de ser, conhecer, comunicar e produzir em sociedade”, apresenta a visão de Lemos (2002) acerca das três fases do desenvolvimento tecnológico: a fase da indiferença, a fase do conforto e a fase da ubiquidade. Dentre estas, podemos conectar a narrativa das tecnologias construída no livro “O Círculo” com a terceira e última fase, da ubiquidade. Nesta, temos a correspondência com a dita pós-modernidade e a cibercultura em si.

Na atualidade, vemos em nossa sociedade o fortalecimento das tecnologias digitais e a modernização de todos os hábitos presentes no âmbito social. Neste momento, estamos conectados em diversos equipamentos (smartphones, notebooks, tablets, etc) – oriundos de um processo de miniaturização –, que a partir da Internet nos permitiu promover uma interligação com qualquer lugar do mundo que desejarmos. Tudo a partir de um toque.

Ao analisar a obra d’O Círculo, podemos absorver uma parte essencial dessa fase: a sensação de onipresença gerada pela rapidez em que a cibercultura nos move. Em um momento inicial ainda na Parte I, observamos que a personagem principal Mae Holland recebe novos equipamentos digitais, já conectando seus perfis pessoais ao perfil único do denominado “TruYou”.

Assim, temos uma obrigatoriedade – muito mais que uma necessidade – da personagem em se tornar onipresente e onisciente, pois há a facilidade em se conectar com várias pessoas ao mesmo tempo, em qualquer lugar. Segundo Lemos “A onipresença se dá pela possibilidade de estar conectado a vários espaços simultaneamente, com um mínimo de deslocamento físico.” (LEMOS, 2002)

Analisando as ideologias da pós-modernidade apresentadas por Lemos, temos a importância dada à identificação do sujeito no coletivo – que se opõe ao individualismo –, pois, nesta chamada “ética da estética”, tem-se a experimentação coletiva, em que vibramos e sentimos em uníssono, em conjunto.

Para Primo, então, a rede torna-se a maior e mais eficiente metáfora da pós-modernidade. Hoje em dia, tudo se interconecta, sejam sujeitos, lugares, tecnologias, etc. Assim, a interação se torna a base da rede. Em uma relação direta com a obra, vemos que o homem pós-moderno não se preocupa mais apenas com sua própria satisfação, porém, visualiza no coletivo uma forma de incrementar e compartilhar informações e processos.

Na empresa, criada na ficção e que leva o mesmo nome do livro, se preza a saúde do coletivo em primeiro lugar, visto que este funciona como um ecossistema, em que as ações de um afetam diretamente as ações de terceiros e assim por diante. No ensaio, temos a visão de Lévy (1998) sobre esse fato, nomeando-o como uma inteligência coletiva: “É uma inteligência distribuída por toda a parte, incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, que resulta em uma mobilização efetiva das competências” (LÉVY, 1998)

É colocado que, se antes a economia tradicional fundamentava-se na falta, a economia moderna, pautada no virtual, é caracterizada pela abundância. A eficácia vem da divisão do conhecimento, quaisquer seja ele, pois, como uma das citações principais do livro retrata: “Tudo que acontece deve ser conhecido.”

 

CASTELLS – “A cultura da virtualidade real: a integração da comunicação eletrônica, o fim da audiência de massa e o surgimento de redes interativas”

 

No artigo “A cultura da virtualidade real: a integração da comunicação eletrônica, o fim da audiência de massa e o surgimento de redes interativas”, Manuel Castells (2012) nos mostra que o surgimento de um sistema de comunicação inteiramente eletrônico de alcance globalizado, além de uma interação potencializada pela integração dos meios de comunicação digitais, vem mudando de forma absoluta a sociedade como conhecemos. Temos registrado na história que a invenção do alfabeto foi a última vez em que ocorreram transformações tecnológicas grandiosas, há quase 2700 anos atrás. Isso se deu até os dias atuais, pois vivemos em uma era da modernidade na qual as TICS são inovadas diariamente, em dimensões tão extensas quanto no passado.

É certo que as transformações tecnológicas transcendem os aspectos culturais do corpo social, como as crenças e o poder obtido por alguns indivíduos inseridos neste. Atualmente, a Internet é considerada o meio de comunicação mais interativo já existente na Era da Informação, pois esta criou uma sociedade interativa completamente digital. Do ponto de vista dos indivíduos integrados ao corpo social, a comunicação digital também é uma forma de comunicação, por conta de sua capacidade de inclusão.

Entretanto, Castells analisa a seguinte questão: as comunidades virtuais construídas na era digital podem ser consideradas comunidades reais? E o autor afirma que sim e que não. Estas podem ser chamadas por comunidades, porém, não são físicas e, portanto, não seguem os modelos de interação e comunicação gerados pela comunidade física. Para ele, “são redes sociais interpessoais, em sua maioria baseadas em laços fracos, diversificadíssimas e especializadíssimas, também capazes de gerar reciprocidade e apoio por intermédio da dinâmica da interação sustentada”.

No livro, é extremamente importante que Mae seja presente nas redes digitais, e esta recebe represálias quando falha em responder a simples interatividades, como respostas à e-mails ou quando não interage o suficiente com publicações realizadas por seus colegas. Vemos essa ação exemplificada na nota que cada pessoa que integrada n’O Círculo recebe, denominada PartiRank (ou Ranking de Participação). No livro consta que este “é baseado num número gerado por um algoritmo que leva em conta sua atividade no Círculo Interno”.

Assim, enxergamos a abrangência na transmissão de informações causada pelos meios digitais e que o poder se concentra em quem detém essas tecnologias. E dentro desse poder, desenvolve-se o que será transmitido e como, a medida em que a Internet é importante plataforma de comunicação, e a partir da comunicação é transmitido o saber. E quem detém o poder, propriamente detém o saber.

Em uma parte da obra, é citado que “saber é bom, mas saber de tudo é melhor ainda”. Desta frase, é entendido que, mesmo a sociedade em si sendo uma detentora da comunicação em massa, ela ainda se mantém vaga em vários aspectos informacionais. Dessa maneira, uns poucos ainda possuem o poder de controle em conhecer tudo, e selecionar quem terá acesso ao saber.
 

SANTAELLA - Linguagens líquidas na era da mobilidade

 

        Ao apresentar as cinco gerações tecnológicas, Lúcia Santaella (2007) propõe inicialmente que, “se prestarmos atenção, ficará perceptível que grande parte dessas invenções é constituída por tecnologias que incrementam a capacidade humana para a produção de linguagem” (SANTAELLA, p. 195). Com esta afirmação, temos uma relação direta à obra “O Círculo”, quando analisamos que a grande empresa criada pela ficção impõe que suas criações se objetivam puramente na melhoria da comunidade, em aperfeiçoar o indivíduo, chegando assim ao coletivo.

        

 

 

“cibercultura” – pois a interatividade gerada por estas criou um fluxo de linguagens e informações universais, em extrema velocidade. A partir desta afirmação, vemos uma conexão com a ficção quando os personagens são capazes de se conectar via o TruYou, a rede social universal criada pelo autor.

Observando a “Tecnologia da Conexão Total”, vemos na obra que estar sempre conectado é fundamental, pois o acesso é rápido, seguro e eficiente, além de ser oferecido onde estiver e quando quiser. Assim, temos a união das conexões em uma cultura híbrida, centrada no TruYou e em sua universalidade de recursos.

        Analisando a forma em que a “Cultura Híbrida” está integrada n’O Círculo, a autor afirma que “nenhuma tecnologia da comunicação borra ou elimina as anteriores”, porém, auxiliam no aperfeiçoamento de novas tecnologias. Podemos enxergar essa situação em todas as plataformas criadas pela empresa d’O Círculo, pois foram criadas com o objetivo de superarem as anteriores, sem apagá-las.

        De acordo com o TruYou, você é parte integrante da comunidade virtual. Ou seja, você pode postar algo para que todos vejam, como também você possui o direito de ver o que todos postam diariamente. Pertencente às “Máquinas Sensórias”, vemos essa relação de receptor e emissor se alterar para um paralelo. Você é o receptor ao mesmo tempo em que é emissor de informações. Como uma citação do filme, “saber é bom, mas saber de tudo é melhor ainda”, temos a transformação dessa transparência em um espetáculo, quando a personagem principal recebe o convite para integrar uma experiência que a priva de tudo o que não for transmitido ao vivo.

        Como ponto chave desse processo, temos a “Metáfora dos Espaços Intersticiais”, pois o livro é inteiramente construído na intersecção entre o espaço físico e o virtual, e sobre a maneira em que estes dialogam entre si. Tanto na ficção quanto na realidade, é possível perceber que as tecnologias portáteis (smartphones, tablets, notebooks) vêm auxiliando na mistura entre o ciberespaço e o espaço físico. Segundo Santaella, em convergência as ideias sugeridas no livro, o espaço virtual não visa a substituição do espaço físico, mas de uma aprimoração da funcionalidade deste.

 

Na tabela abaixo, são retratadas três linhas de pensamento sobre a tecnologia e seus benefícios - ou não, de acordo com as visões dos autores Lemos e Rudiger. São elas Tecnófilos, Tecnófobos e Neomarxistas. Além disso, citações e paralelos com alguns dos personagens do livro “O Círculo”, de acordo com a linha que cada um deles se encaixa, estão listados na tabela.

Referências:

 

PRIMO, Alex.  Fases do desenvolvimento tecnológico e suas implicações nas formas de ser, conhecer, comunicar e produzir em sociedade. In: PRETTO, NL., e SILVEIRA, SA.( orgs).Além das redes de colaboração: internet, diversidade cultural e tecnologias do poder. [online]. Salvador: EDUFBA, 2008. Pp. 51-68.  Disponível em: http://books.scielo.org/id/22qtc/pdf/pretto-9788523208899-04.pdf

 

CASTELLS, Manuel. A cultura da virtualidade real: a integração da comunicação eletrônica, o fim da audiência de massa e o surgimento das redes interativas. In: _____. A sociedade em rede: Era da informação, v. 1. São Paulo: Paz e Terra, 2012. Disponível em: https://drive.google.com/file/d/0B4Srcjvg_ILoYWRnbGU4eVMtblk/view?usp=sharing

 

SANTAELLA, Lúcia.  Linguagens líquidas na era da mobilidade. São Paulo: Paulus, 2007. Disponível em:  https://drive.google.com/file/d/0B4Srcjvg_ILoeEMzcmNhZFN1Z2c/view?usp=sharing

A princípio, Mae integra uma área d’O Círculo denominada Experiência do Cliente. Ao longo da leitura, porém, notamos que sua função na empresa não se limita à sua mesa e suas resoluções a respeito das problemáticas apresentadas pelos clientes. É necessário que ela permaneça inclusa na maior quantidade possível de atividades dentro do campus, sempre atenta a convites para brunchs, festivais, reuniões e principalmente, em contato com seus colegas de empresa.

Dentre as cinco gerações tecnológicas que a autora relata, temos a 4º (quarta) e a 5º (quinta) como detentoras do conceito que futuramente viria a caracterizar a obra que estamos analisando. Inicialmente, vemos nas duas gerações o desenvolvimento da ideia de “Máquinas Inteligentes”, – retratado como o advento dos meios de comunicação de massa, como rádio e televisão, até chegarmos ao espaço virtual, chamado de 

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